Cosmic - Capítulo Um

Uma história de amor entre um badboy E.T. e uma romântica garota humana. Livremente inspirada em E.T., de Katty Perry.



"Um, dois, três e... ok, ok, valeu gente, até quinta-feira!"

Mary me estendeu a mão para me ajudar a levantar do chão. Eu tinha acabado uma série com as líderes de torcida, e estava numa escala aberta e zerada no chão. Me levantei sem precisar da ajuda dela.

"O que você quer, Mary?"

"Ai, Lucy, precisa disso tudo? Só conversar, nada mais."

"A gente não tem nada pra conversar."

"Claro que a gente tem." ela continuava me seguindo pelo ginásio de esportes até o vestiário. Parecia uma mariposa. "Você entendeu tudo errado. Isso é o que dá ouvir conversas pela metade..."

Me virei de repente e ela quase esbarrou em mim. "Como é que é? Você tá querendo me dizer que eu sou a culpada por ouvir alguma coisa e que você estava pensando em outra coisa completamente diferente de pegar o meu namorado pelas minhas costas e provocar um impasse entre nós dois?"

"Você é muito fatalista."

"Sai da minha frente antes que eu deixe você cega."

As meninas se juntaram dentro do vestiário. Sorte, todas elas estavam do meu lado. Mary ficou furiosa e saiu batendo os pés.


"Liga, não, Lucy. É dor de cotovelo."

"Obrigada, Jennifer."

Todas voltaram para o chuveiro. Mas eu estava lenta naquele dia. Cansada. Droga, meninas como a Mary podiam realmente causar problemas. Sabe o que eu mais queria? Que uma coisa completamente diferente acontecesse na minha vida. Era sempre a mesma coisa: a garota bonita, popular, que namora o cara bonito, popular, e a piranha que quer roubar o cara da garota... etc.

Tudo o que eu queria era ser amada por um cara legal. Ninguém entendia. Se eu fosse feia, talvez as coisas acontecessem de um modo diferente. Eu era profundamente romântica, mas os caras que se aproximavam de mim só se interessavam por sacanagem, e pra aparecer para os amigos e posar de garoto-gostosão-que-pega-a-gostosona.

Tomei um banho, já enfurecida, deixando a água quente relaxar meus músculos. Respirei fundo. Já não tinha mais ninguém no banheiro. Eu estava lenta aquele dia.

Arrumei minhas coisas e saí do banheiro. Estava escuro. O ginásio também. Não tinha mais ninguém lá. Foi quando ouvi um barulho estranho. Coloquei minha mochila nas costas, o cabelo molhado atrás da orelha e segui o som.

Era uma batida. Seguida de um barulho de algo que caía no chão. Mais barulhos estranhos. Vinha da sala do coordenador de educação física e dos técnicos. Fui até lá, pisando de leve, para não fazer nenhum ruído. Mais alguma coisa cai no chão, como lápis. Foi quando ouvi um sorriso de mulher.

Droga. Tudo o que eu não precisava era flagrar um casal escondido na sala dos professores. Já estava me virando para sair de fininho quando ouvi a voz dele. Sean.

"Qual é, deixa disso!"

Outro sorriso de mulher, abafado por som de beijos.

"Eu quero você inteira." a voz dele de novo.

Meus olhos picaram com as lágrimas querendo sair. Eu queria sair dali, mas meus pés não se moviam. Então, a voz dela.

"Você vai ter o que quer, desde que largue aquela garota sem sal pra ficar comigo."

Mary.

Eu não aguentei, foi demais para mim. Embora meus instintos clamavam para sair correndo e me acabar de tanto chorar, eu tinha que fazer alguma coisa pra acabar com aquela palhaçada. Eu fui treinada para ser assim: ofensiva. Ou perderia meu posto de popular.

Abri a porta da sala e me deparei com a cena. Mary estava em cima da mesa, varios lápis, canetas e outros objetos espalhados pelo chão. Ela abraçava, toda com braços e pernas, o meu namorado, Sean, o cara mais quente e mais cobiçado da escola. E ele? Bem, ele estava em cima dela, é claro. De pé no chão, debruçado sobre aquela garota. Eles se assustaram com minha entrada.

"Ah, você ainda estava aí?" Falou Mary, relaxando.

"Lucy?"

Sean saiu de cima de Mary, abotoando as calças. "Lucy, espera..."

Eu já estava fora da sala, correndo. Ainda ouvi Sean gritar. "Lucy, ela me forçou, ela estava me seduzindo... droga, Mary, você disse que ela já tinha ido..."

Eu não queria mais ouvir. Saí do ginásio e corri como uma louca até meu carro. Dirigi sem destino pelas ruas até que cheguei a um lugar que sempre venho quando quero ficar sozinha. Acho que foi instinto, automático.

Estacionei, já quase não havia ninguém às margens do Lago Michigan, em Chicago, Illinois. Vivo em Chicago desde criança, sendo uma garota cheia de manias. Gosto da tranquilidade, mas uma cidade movimentada, fica impossível. Então, sempre que posso, venho ao lago, à noite, pois é o horário em que está mais tranquilo. Durante o dia, um dos maiores lagos do mundo está sempre movimentado, e eu quero tranquilidade.

O lago Michigan é quase uma praia, por isso, encontrar uma parte deserta dele é difícil, mas eu tinha encontrado uma anos atrás, e fiz dela o meu refúgio. Uma área longe dos arranha-céus, onde eu poderia me sentar e ficar ali, parada, observando as estrelas e a água calma do lago.

Então, derramei meu coração e comecei a chorar. Droga, por que tinha que ser comigo?

Mas, ao mesmo tempo, eu estava aliviada. Eu não estava feliz namorando o Sean. Na verdade, eu nem queria muito namorá-lo. Eu o fazia para manter meu status. A coisa toda começou de um jeito que não pude evitar. Mas agora, eu estava livre. Parei de chorar e comecei a caminhar pela beira do lago deserto. Foi quando algo estranho aconteceu.

No início, parecia uma estrela cadente. Cortava o céu, vindo do oeste, e era apenas um ponto brilhante. Eu automaticamente fiz um pedido. Que eu tivesse algo diferente na minha vida, e que tivesse uma nova motivação. Eu queria ser feliz e amar um cara legal.

Bem, o problema é que a tal estrela cadente não passou direto no espaço, como devia ser, e vinha, vinha, ficando maior e maior. Até que caiu na areia a uns trezentos metros à minha frente.

Eu fiquei chocada. Paralizada, ali, só olhando um monte escuro que estava ali, parado. Eu não sabia se chegava perto, se fugia. Mas estava ali uma coisa. E quando pensei em me mover para a frente, para ver o que é, a coisa se mexeu. E ficou de pé.

Parecia... parecia um homem. Ele cambaleou e caiu de novo, desta vez, rolou um pouco até a beira da água. Eu corri para evitar que ele se afogasse, por mais absurdo que possa parecer em minha cabeça eu tentar salvar de afogamento um cara que conseguiu ficar de pé depois de cair de uma altura que eu não concebia. Eu confundi ele com uma estrela cadente, pelo amor de Deus!

Cheguei até ele. Ele tinha o cabelo um pouco comprido, passando dos ombros. Uma parte dele cobria seu rosto. Ele parecia desacordado. Sua roupa era estranha, era azul, mas um azul quase celeste, e parecia um macacão, justo no corpo, e tinha um emblema estranho no peito, que eu não consegui identificar. Pareciam símbolos, letras talvez, mas nada que eu tivesse visto antes. A roupa estava um pouco rasgada em determinados lugares, como no ombro, na cintura, no joelho. Ele calçava botas pretas, mas elas pareciam fazer parte da roupa.

Eu tirei o cabelo de seu rosto. Ele era moreno claro, tinha as feições angulosas, e era jovem. Se eu fosse chutar a idade dele, diria que ele tem vinte e cinco anos, ou cerca disso. As sobrancelhas eram grossas, os cílios longos. O nariz era afilado e a boca... bem, eu me detive nessa parte. Era uma boca linda!

Que ele abriu no momento que eu ia tocar com os dedos. Ele respirou (estava vivo!) e tossiu. E se sentou em seguida.

"Herzi baf konsh..." ele disse algo parecido com isso e mais alguma coisa, que eu não consegui me lembrar. Parecia uma pergunta, eu fiz cara de que não sabia. Apontei para mim mesma.

"Lucy."

"Quiere decir su nombre?" ele falou. Ele falava espanhol? Eu sabia o que significava por causa das aulas obrigatórias de espanhol na escola. Mas daí a falar... bem, eu só sabia perguntar onde ficava o banheiro e o livro está em cima da mesa.

"Eu falo inglês" eu respondi, em minha língua. "E, sim, estou dizendo meu nome."

"Ah, claro" ele falou em perfeito inglês. "Lucy. Meu nome é Ashenk." E estendeu a mão para segurar a minha, a qual eu prontamente dei. "Você vai me desculpar, mas é que aqui tem muita gente, muitas línguas diferentes, então eu me confundi, não sabia onde estava. Então... em que lugar do planeta eu estou?"

Ele parecia despreocupado, e eu parecia louca. Será que o golpe de Sean foi forte demais e eu havia enlouquecido? Eu sorri. Ele continuou me olhando, esperando uma resposta, e eu esperando que ele dissesse que estava brincando. Mas nada aconteceu.

"Você está em Chicago, estado de Illinois, Estados Unidos da America."

Ele fechou os olhos. Depois os abriu. Eu nem tinha notado que eram verdes, e lindíssimos. "Ah, Chicago. Sei. Obrigado." Ele se levantou, mas teve dificuldade de se manter de pé, e uma tontura o atingiu. Eu o abracei para tentar segurá-lo, mas ele se apoiou totalmente em mim, e era muito, mas muito pesado. Então, caímos os dois. Ele continuou me abraçando, até que caiu de lado, e me soltou. Eu fiquei vermelha. Eu não estava me reconhecendo. Cadê a garota popular e destemida?

"Bem, er... Ashenk, não é? Ahm, veja, não é exatamente comum vermos objetos caírem do céu. Então, vai me desculpar porque não é nada comum vermos pessoas caírem do céu... Você poderia me dizer alguma coisa sobre isso?"

Ele sentou-se. "Eu me desliguei!" Era como se estivesse entendendo alguma coisa. "Droga, isso vai ser ruim." Ele procurou algo em sua roupa, mas parecia não encontrar. "O intercomunicador também se fora." Olhou para mim desolado. "Acho que estou preso aqui."

Ele, suavemente desta vez, tentou ficar de pé. E conseguiu ficar sem tonturas. "Devo ter batido a cabeça um pouco forte demais."

Ele estava brincando?

"Ok, Ashenk. Eu faço um acordo com você. Eu te hospedo na minha casa," minha mãe vai me matar por isso, "e você me conta tudo."

Ele olhou para mim, ponderando. Acho que havia muita coisa para ele pensar, que não deveria me contar nada era uma delas. Mas, estar perdido e não ter ninguém para ajudar deve ter tomado conta de sua decisão.

"Ok, eu topo. Onde você mora?"

Capítulo Dois

Share this:

JOIN CONVERSATION

2 comentários:

  1. Olá.

    Vi sua publicação no grupo "‎Editoras, livros e Escritores". Me interessei pela imagem (Tidus e Yuna, a veia nerd falou alto rs*) e parei por aqui.
    Gostei muito do seu texto, me senti assistindo "Meninas Malvadas" rs* um ritmo de filme, bem gostoso de ler. =)
    Já to aguardando o restante.

    Também estou fazendo um texto em publicações em série. Já esta na parte 3. Se se interessar, ficarei bem feliz com sua visita:
    http://constantinconstante.blogspot.com.br/search/label/12%20trabalhos

    Bjs. e Ficarei ligada para suas atualizações =)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Deh! Obrigada pela visita e pelo comentário. Claro que vou te visitar! Quanto às atualizações, fique ligada no blog ou nas comunidades do Facebook. Você também pode curtir a página Livros de Débora Falcão no Face, e receber atualizações. Abraços!

      Excluir