Olhos da Meia-Noite - Prólogo

Esta história é uma livre inspiração no universo de Vampiro - A Máscara, e não tem qualquer interesse financeiro na publicação. Trata-se do gênero "Fanfiction", e não infringe nenhuma lei de Direitos Autorais. Os personagens foram criados por mim e vivem no universo RPG baseado no sistema Storyteller, publicado originalmente por Mark Rein Hagen em 1991 pela Editora White Wolf. Nem todo o universo trata-se de Vampiro - A Máscara, há nuances criadas por mim e apenas alguns clãs entram na história.



A mulher caminhava imponente, ante os gritos da moça. Seus passos não hesitavam em continuar caminhando, seguida pelos dois lacaios que dominavam com incrível força a garota, sem parar de se debater.

— Por favor! Tem piedade! Senhora! Por favor!

Ela não ouvia. Havia muito tempo perdeu seu coração humano, no lugar há apenas um coração de pedra. Seus passos ecoavam pela escuridão e se misturavam aos sons dos gritos da jovem. “Ela merece morrer”, pensava a mulher. “Sempre segui a lei à risca. Agora, não existem sentimentos. Apenas, a lei.”


A comitiva sombria pára em frente a uma porta de ferro, a qual é aberta por uma grande chave, tirada da cintura da mulher, que visivelmente comandava o grupo. À medida que a porta se abria, com o estalar dos ferros das dobradiças, a moça se desesperava mais ante o que lhe aguardava.

— Não, por favor!

Com um sinal de cabeça, a mulher autoriza os dois lacaios a colocarem a moça dentro do cubículo. A porta foi fechada e a moça se viu sozinha, escutando os passos se afastando. Não havia mais o que fazer. Iria morrer. Desta vez, para sempre. Seria exterminada, expurgada da terra, sem chance de aproveitar a eternidade que lhe foi concedida. Não havia mais o que lamentar.

O cubículo começou a ficar mais claro. A moça olhou para cima, no teto a quatro metros de altura. A largura do cubículo mal dava para sentar-se ao chão. Ficara encolhida, esperando sua hora. No teto, uma abertura, gradeada. O dia nascia, e não havia nada que pudesse fazer.

A mulher continuava caminhando pelos corredores, sua fronte impassível, as saias de seu vestido arrastando no chão de pedra. Os lacaios a seguiam como dois cães de guarda. O grito aterrorizado da moça, que um dia fora sua aprendiz, era de cortar o coração, mas não a comovia. Neste momento, seu corpo estaria sendo incinerado pela luz do sol, ao penetrar a abertura no teto. Viraria cinzas. Exterminada. Estaria pago seu erro.

Entrou em sua biblioteca, e olhou seu retrato, pintado e pendurado naquela parede há dois séculos. Fechou a porta e deixou os lacaios do lado de fora. Precisava refletir. Caminhou até sua cadeira e sentou-se. Precisava encontrar outra aprendiz. Um dia, esperava fazer a passagem para o Paraíso. Era algo quase impossível, mas apenas quase. Precisava deixar alguém em seu lugar. E rápido. Alguém a quem ensinasse tudo, inclusive a ser insensível. Ensinasse a ser forte e tudo o que aprendeu durante séculos de luta. Precisava.

Capítulo Um

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