O Leão, O Cordeiro e A Livraria - Capítulo Quatro

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"Então diga, Sra. Poppins! O que aconteceu? O que eu fiz?" Eu estava desesperada.

Ela se sentou à minha frente.

"Lisa, estes livros são narrados pela personagem Bella. É como se fossem o diário dela. No momento de sua fuga, os vampiros estavam vindo para cima de você. Então, Bella viu isso. Ela estava lá, ela era humana. E eram muitos vampiros contra apenas Edward e Alice."

Ela parecia estar dizendo o óbvio. Eu não queria enxergar.

"Está tudo em branco porque Bella não podia mais continuar a narrar a história."


Eu quase desmaiei. Mas ouvi o resto que tinha para ouvir.

"Aconteceu algo a Bella. Algo muito grave. O que a impediria de escrever sua história, Lisa?"

Eu pensei. No primeiro livro, Bella havia sido perseguida por James. Sofreu com ele. Quebrara uma perna. Fora mordida. Perdeu muito sangue. Mas sobreviveu para contar a história.

Era isso.

Não havia mais história para ser contada.

Bella não sobrevivera para contar a história.

E agora?



"Eu já sei. Eu vou voltar lá. Exatamente no momento em que fui. E vou me impedir de chegar perto de Edward."

"Você não pode fazer isso, Lisa."

"Ué, por que não?"

"Você não pode encontrar-se consigo mesmo. Se isso acontecer, haverá um colapso literário, e a história simplesmente deixará de existir. Conseqüentemente, você também, pois estará lá."

Eu precisava pensar. E agora? Como eu desfaria meu erro?

"E se eu voltasse antes? E se eu atraísse minha própria atenção para o lado errado de onde Edward estava, evitando que eu me encontrasse com ele, consertando a história?"

"Se você, que foi antes para lá, encontrar com você mesma, indo agora..."

"Eu não me encontraria comigo mesma" que conversa mais maluca! "Eu me atrairia com alguma coisa que brilhasse. Não sei, para outro beco. Algo que eu pensasse ser Edward. Algo que me confundisse."

"Como um espelho?" Mary Poppins sugeriu, pensativa.

"Bem, não exatamente. O brilho de Edward é multifacetado, como um diamante."

"Hum..." ela continuava pensativa.

"Mas, e se você se lembrar de que lado ele estava?"

"Não, não vou. Eu não sabia ao certo onde ele estava, e me guiei pelo brilho que vi. Cheguei antes, porque a Bella tropeçava o tempo inteiro. Eu devia tentar..."

"Bem, então..."

Mary Poppins se levantou e foi até sua saleta particular, nos fundos da livraria. Eu não tinha permissão para entrar lá. Ela trouxe um relógio de parede.

"Bem, não é exatamente um diamante, mas..."

Virou-o para mim. Era um relógio antigo. E seu vidro de fundo era... multifacetado. Ela o colocou contra a luz. Ele reluziu em milhares de luzes coloridas.

"Será que isso atrairia sua atenção?"

Eu fiquei fascinada. Era um plano. Tinhamos uma alternativa, então?

"Mas, e se eu visse Bella correr em outra direção e tentasse fazê-la mudar o rumo? Eu iria estragar tudo! Pior: eu seria a responsável pela morte de Edward!"

"Temos que arriscar. Se você fizer isso, bem, você terá que interferir sobre você mesma, mas sem aparecer. E isso você vai ter que se virar sozinha. Eu não posso te ajudar. Só você conhece a história. Eu não."

Respirei fundo e me preparei.

Eu teria que voltar lá.

"Sra. Poppins. Antes de ir, eu gostaria de tentar uma coisa."

"Tentar o quê?" A Sra. Poppins estava intrigada, mas muito, muito curiosa.

"Eu estive pensando. Algo acontecera a Bella. Talvez, ela tenha morrido - por minha causa, eu sei - por isso as páginas ficaram em branco. Ela não poderia mais narrar a história. Mas a história não deixou de existir."

"Como assim?" Mary Poppins tentava acompanhar meu raciocínio.

"Veja!" Eu mostrei a ela os livros Eclipse e Amanhecer. Eles estavam lá, com as páginas em branco. "Os livros. Apesar de estarem em branco, eles não deixaram de existir. Eles ainda estão aqui."

Mary Poppins analisava o que eu queria dizer, dentro de seu silêncio. Eu continuei.

"A família Cullen ainda está lá. Os Volturi. Charlie. Jacob. Os Quileute. Todos ainda estão aí, mas Bella apenas não pode narrar a história."

"E o que você pretende fazer? Ir para as páginas seguintes? Nenhuma delas te ajudará a consertar o que você fez antes delas. É como ir ao futuro consertar o que se fez no passado. Não adiantaria. A história que se segue após seu aparecimento no livro não é mais a mesma. É outra história. Bem diferente."

"Eu sei, eu sei. Mas eu quero... eu preciso saber o que aconteceu após meu desaparecimento."

"Eu não aprovo isso." Mary Poppins franziu o cenho. "Partir para uma página em branco é partir para o desconhecido. Não se sabe o que há lá. Não se sabe onde estará. É muito arriscado."

"Eu não quero avançar muitas páginas. Eu quero avançar apenas, digamos, quinze minutos após meu desaparecimento. Isso daria mais ou menos uma página inteira."

"E se você parar bem no meio do fogo cruzado novamente e não tiver tempo para voltar?"

"Não, eu tenho uma teoria. Heidi estava para chegar com a 'pescaria'..." eu vi que Sra. Poppins não estava entendendo e expliquei rapidamente. "Enquanto eu estava lá, com os Volturi, Heidi, uma linda vampira, estava no meio dos turistas atraindo-os para o interior do castelo Volturi, a fim de levá-los aos vampiros, como refeição." A Sra Poppins estremeceu ao meu comentário. Eu ignorei. "Quinze minutos. Pelas minhas previsões, era esse o tempo em que ela chegaria com as pessoas. Os Volturi ficariam um bom tempo ocupados com isso. Então, eu poderia aparecer, neste momento, em outra sala do castelo..."

"Como? Escolher o local?" Sra. Poppins estava descrente.

"Bem, já que não temos lugar certo, pois a história não foi narrada, e temos apenas o momento... eu escolho o lugar e a página indicativa do momento. E seja o que Deus quiser..."

"É muito arriscado." Sra Poppins abanava a cabeça.

"Olhe, Sra. Poppins, eu vou agarrada com o camafeu. Levarei menos de um segundo para entender o que se passa e, caso esteja no lugar errado, eu volto imediatamente."

Ela ponderou. "Tudo bem. Mas tenha cuidado."

"Obrigada."

Respirei fundo. Segurei o camafeu com as duas mãos. Sra. Poppins virou a página do livro. Rezei e esperei.

O guarda-chuva foi aberto.



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